sábado, 30 de maio de 2009

PEQUENO DICIONÁRIO E MODOS DE DIZER

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PEQUENO DICIONÁRIO E MODOS DE DIZER


PEQUENO DICIONÁRIO
Afossar ou fossar – remexer a terra com o focinho, os porcos
Alqueive- primeira lavoura feita no pousio
Anaco – cabrito de um ano
Anojo/a – Bezerro/a de um ano
Arganel – argola de metal que se mete no focinho dos porcos ou toiros para melhor os dominar.
Argolar – pôr arganel no focinho dos porcos para evitar que fossem
Arramadas – casa com manjedouras onde se alimentavam as vacas
Bolota – fruto da azinheira utilizado na alimentação dos porcos e nalguns casos, comestível pelos humanos. Fruto doce tipo castanha
Brincar – colocar os brincos numerados nos animais.
Cangalhas – instrumento para cargas colocado nos animais
Canudos – protecções de cana utilizadas nos dedos durante a ceifa manual para evitar cortes.
Chaparro – azinheira (Baixo Alentejo)
Charcas – pequenos lagos artificiais
Chocalho – espécie de campainha que se põe no pescoço de alguns animais para anunciar a sua presença, saber a sua localização.
Cocharro - recipiente de cortiça utilizado para beber
Desenchapotar – tirar os paus mais grossos das enchapotas para lenha
Enchapotas – ramos finos resultantes da poda da azinheira.
Enchocalhar – pôr chocalho no gado
Entrouxo – coisa mal arranjada, torta, desalinhada
Ferrar – pôr ferraduras nos cavalos
Gorpelha – alcofa grande para carregar palha
Gravato - vara comprida, com gancho em ferro,utilizada para apanhar ovelhas pelas patas
Lande – fruto do sobreiro, amargo, só para alimentação dos porcos
Limpeza do montado - poda do montado
Malato – borrego entre um e dois anos
Melhadura- gratificação.
Moiral – guarda do gado, pastor
Montado – terreno geralmente povoado de sobreiro e azinheira
Monte – Herdade. Dentro da herdade o dizer “vou para o monte”
É a deslocação para a parte urbana da propriedade
Mulim – protecção do pescoço para os animais
Novilha – vitela com dois anos
Paisano – touro de cobrição
Pêgos – poços de água nos percursos de rios que não secam no tempo de estio
Pousio – descanso dado a uma terra cultivada
Prisco – corredor em rede onde se põem ovelhas para ordenhar
Safões ou seifões – meias calças largas,feitas de pele, usadas pelos pastores
Talego – Saco de pano com cordão de fechar
Talhada – rojões
Tarro – recipiente térmico de cortiça
Tasneira – planta esguia, verde, de flôr amarela, antigamente usada nos currais e nas arramadas para atrair moscas
Trazer a rojo – trazer de rastos
Trilho – antiga máquina de debulhar puxada por animais.
Varrasco – semental, porco macho reprodutor.

MODOS DE DIZER

ANDAR DE ESGALHA PAU- andar à pressa
TRÊS EM PIPA: Grande quantidade. Porrada de três em pipa
NÃO DOBRAR O PÉ- Ter muito que fazer; não ter vagar
ANDAR AO MORANGO – andar desocupado, não fazer nada
MATAR MOSCAS COM AS COSTAS – Não querer trabalhar
COMO DEUS É SERVIDO- como a Deus apraz
DO CU LE NÃO CAIA QUE NA MÃO ESTA SEGURO – ser forreta
ESTEJA A PERA NA PEREIRA, NÃO CAIA NEM APODREÇA
QUE LOGO HÁ QUEM A MEREÇA: Casaras a seu tempo
ELE SABE EM QUE MATO FAZ LENHA- sabe c/quem se mete
ESTA LEBRE ESTÁ CORRIDA- serviço acabado
É COMO QUEM DÁ UM BOLO A UM CÃO- pérolas a porcos
ANDAR COM UMA MÃO ATRÁS OUTRA À FRENTE- não Ter que vestir, ser pobre
SÓ LEVOU O PAU E A MANTA: começou pobre e acabou por triunfar na vida.
FAZER FIGURA DE ALMANAQUE – Ter a mania que sabe tudo
IR POR BURRO E VOLTAR POR ALBARDA – ficar desiludido
ANDAR APOJANDO- andar cheio
SONGA- manhoso
NÃO É SAPATO PARA O SEU PÉ- não lhe convém para casar
RUIM É O BURRO QUE NÃO PODE COM A ALBARDA- sempre tem algum valor
QUANDO DIZEM QUE É MAU CÃO,TODOS LHE MORDEM- em tendo má fama todos o rejeitam
É ASSEADO COMO A PÁ DO GALINHEIRO – é sujo
NÃO SE APROVEITA NEM COM PÁ E VASSOURA- é desprezível
QUANDO DIZ UMA VERDADE, CAI-LHE UM BRAÇO- é muito mentiroso
MOER A CORDA – nem ata nem desata
COSER ABÓBORA- trabalho de pouco valor
SER PAPO DE ROLA- cantarolar muito
TER OLHO DE RABADÃO – esperto, ver tudo ,ajudante de maioral
LEVANTA-SE COM A ESTRELA QUE O BOI MOSCA– levanta-se tarde, quando as moscas incomodam.
ENXERTADO EM CORNO DE CABRA –com falta de base humana, para o valor que pensa Ter
ANDAR COM A MARIA DE BEJA – Ter calor, Ter indolência
ANDAR AO GRAMUSILHO – fazer coisas inúteis
ESTÁ DIA DE BORRANZÊRO – está dia de chuva miudinha
CONHECER A ARRUDA PELO CHEIRO- conhecer as pessoas pelo aspecto
NÃO É BOA REZ- não é de confiança
É UM DESMARANHADO – é desorganizado
È UM BONES VIDIA- nem faz bem nem mal
JÁ DEIXOU MUITOS BÁCOROS SEM TETA – já enganou muita gente
BARRIGA DE ALMECE – hipertrofia do ventre, por subnutrição
GALO DA MADRUGADA- é madrugador
É DORMIDAIRO – é dorminhoco
É UM LAVARÊDAS – é fugaz ,muito activo
É UM ESCALDA FAVAIS – é um faz tudo
ESCALFA CABRAS- anda muito
É UM ESCALÃO PARA O GADO –maltrata o gado
NÂO ESTAR CAPAZ DE DAR REGO – estar doente
AO PÉ DO TRABALHO É QUE SE ESPERA O TEMPO – não adiar o trabalho
JÁ TEM TRÊS DIAS COM ANTEONTEM- tem experiência
CHEIRA-LHE MAL O BAFO- é desconfiado
PARECE UM SAPO NUM ALQUEIVE – vagaroso, pesadão
LAVAR-SE EM ÁGUA DE ROSAS – ser feliz
ANDAR EMOSQUEIRADO – safar-se ao dever
TER PARENTES NO ALGARVE –pessoa que tem muita protecção
GARGANERO – ambicioso, que quer tudo para si
É TÃO CERTO COMO A FÊRA DE CASTRO- diz-se de qualquer coisa que não pode falhar
ANDA COM ELA NA GOLA – está com fome
DAR CEBEÇADA – fazer mau governo
DAR `A SOLA - fugir
POUPAR NOS FARELOS,GASTAR NA FARINHA- ser mal governado
SER DESBOCHADO – ser desmazelado
ANDAR COM O NARIZ UNTADO- andar iludido
DEIXAR A PASTAGEM PARA IR PRO ALQUEIVE – trocar o bom pelo mau
LINGUA DE OVELHA – fala muito
ASSIM TIVESSE UM QUEIJO D`OIRO – tão certo Ter a certeza de
PARA QUE QUERES AS BOTAS, SE TENS AS PERNAS TORTAS- aspirar ao que não se deve
ESTAR TOLDADO- Ter bebido de mais
VAI QUE NEM SANTO EM ANDOR – endeusado, vaidoso
ESTAR ENLAGARIÇADO – estar besuntado
JÁ NÃO OUVE CANTAR O CUCO- está muito em baixo de saúde
ANDAR ENGALINHADO – andar com frio
SER PÁSSARO ANDANTE – não está muito tempo no mesmo sitio
ANDAR INCHADO – andar ofendido
NÃO BASTA SER RALO SE NÃO AZEDO – pouco e ruim
LAVAR OS OLHOS- ver alguém de quem se gosta
UMA TRAMONA – doença súbita
ABONAR-SE – gabar-se

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Comprei há tempos um livro de Vitor Fernando Barros e de Lourivaldo Martins Guerreiro com o titulo de
DICIONÁRIO DE FALARES DO ALENTEJO.
É muito interessante e acho que vale a pena. Como estou afastado do nosso Alentejo há muito tempo, era impossível não comprar.