sexta-feira, 10 de agosto de 2018

UM GUIA DE FARCA E GARFO PELO ALENTEJO....10/08/2018


   UM GUIA DE FACA E GARFO PELO ALENTEJO........10/08/2018



     O banquete começa na antiga escola primária de Cachopos, entre Alcácer do Sal e a Comporta. Deixou de ser escola em 1982. Em 1996  com o nome de A ESCOLA deu inicio à restauração.
À medida que nos afastamos da Costa Alentejana em direcção ao interior "O Alentejo é um mundo que ganha sentido renovado."

O NORTE
Artigo de Tiago Pais extraído  da revista SABADO de 24 Abril a 2 de Maio 2018


  A COSTA  DE ALCÁCER a São TEOTÓNIO


As receitas a começar nas  empadas de caça, passando pelo ensopado de cabrito, a acorda de coelho e a acabar em criações mais obscuras do receituário local, como o feijão adubado ou as batatas de rebolão.

Ainda antes de chegarmos à Comporta, valerá a pena fazer um desvio em direcção aos cais palafítico da Carrasqueira,  não para ir tirar a habitual fotografia ao pôr do sol, mas para comer e comer  bem no RETIRO DO PESCADOR . Arroz de marisco, de peixe, massadas, ensopados e caldeiradas.
Já na Comporta há uma cozinha que merece ser descoberta e apreciada para lá do barulho das luzes. É a que se pratica n`A CAVALARIÇA. Na carta, desde o dia da inauguração, constam uma batatas fritas à Heston Blumenthal(tecnica de tres confecções), finalizadas com toucinho e pimenta.Uma delícia.
Não menos delicioso é o choco frito de coentrada que se encontra n`O GERVÁSIO, alcunha da Casa Messejana dos Brejos da Carregueira, uns quilómetros a sul.
Sigamos em direcção a Melides com um prato em mente:pato assado no forno. O TIA ROSA,restaurante-salão de beira de estrada(EN261) tem fma na matéria.Servem-no com laranja e arros de miudos, em dose generosa.É chegar  pedir. Mas a fama nãom é tudo.Fontes bem informadas garantem que o melhor prato da região grasna noutro restaurante, dois quilómetros a sul, em Caveira. Só o nome impõe respeito: A CAVERNA DO TIGRE. Os Tigres também exploram o bar da vizinha praia da Alberta Nova. Problema:para provar esse famoso preto é necessário encomendá-lo com pelos menos um dia de antecedência. Sem  encomenda o passante fica sugeito à oferta diária.
De Melides  à Lagoa de Santo André a viagem é curta.Mas a especialidade local é bem distinta:enguias. No CHEZ DANIEL servem-se fritas, grelhadas, ensopadas ou caldeirada.A Barraca do Daniel passou a ser CHEZ DANIEL graças às crónicas de uma jornalista.Além das enguias há peixe fresco,carne biológica e porco preto.
Próxima paraem:Sines.
CAIS DA ESTAÇÃO-ocupa um antigo armazem da estação ferroviária de Sines.Para auma viagen em primeira classe, há um prato que se impõe  provar: choco frito com arroz de lingueirão.
Saindo da Zona Ibdustrial de Sines en Direcção a Porto Covo, via praia de São Torpes, atravessa-se uma das mais bonitas marginais do País. No final dos anos 80 abriu o ARTE E SAL  embora os bifes de lombo com diferentes molhos continuarem a ser "à maneira", o foco é o peixe fresco, que vem de fornecedores privilegiados.O Carlos Barros conhece muito bem os melhores pescadores das redondezas.Pode servi-lo grelhado- e nesse caso com direito a ser despinhado na mesa -ou em pratos de tacho.Para sobremesa há gelados feitos no restaurante de cogumelos ou tomate e requeijão.
Se o estomago pedir aconchego em Porto Covo, há duas opções bastante recomendáveis:- ZÉ INÁCIO e TASCA DO XICO. Já se o destino for uma das praias vizinhas, as bolas de berlim da padaria da aldeia(Raul e Marta) são excelente companhia.
Voltemos à estrada.
Em Vila Nova de Milfontes a TASCA DO CELSO é uma referencia na região. A cozinha é regional, com muitos petiscos pensados para partilhar e combinar coma grande paixão  pelo vinho.
De Milfontes  até à fronteira com o Algarve na Ribeira de Seixe, há 3 nomes dignos de referência:
O JOSUÉ- na Longueira,SACAS e A BARCA TRANQUITANAS, ambas no Porto das Barcas da Azambujeira do Mar. A receita não varia muito nos três. As ementas focam-se sobretudo em peixe e marisco de frescura garantida.Os sargos são quase sempre opção segura ao longo da Costa Alentejana.
O mítico A AZENHA DO MAR junto ao porto piscatáorio homónimo, no extremo sudoeste da região é a última paragem deste roteiro. O restaurante continua a carburar como poucos neste país. O arroz de marisco,de lingueirão ou de tamboril têm fama justificada.Para viajantes solitários há 2 opções:-o peixe, que aqui também é fresco e bem tratado- provam-no os  linguadinhos fritos com açorda ou a reconfortante feijoada de choco. Tanto a refeição como este texto não podem acabar sem  referência á melosa baba de camelo da casa
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O INTERIOR
DE CASTRO VERDE A MONTEMOR O NOVO

Por exemplo, seria improvável encontrar no litoral da região uma taberna como  o JOÃO DAS CABEÇAS, clássico de Castro Verde, que deve o nome a uma mítica especialidade:cabeças de borrego previamente serradas a meio e assadas em forno de lenha.

A uma dezena de quilómetros a norte, em ENTRADAS,   A CAVALARIÇA Longe do mar, perto do coração. E do estomago, graças à reprodução fiel de clássicos do receituário Alentejano:cozido de grão, ensopado de borrego, a sopa de cação, os habituais cortes de porco preto e pratos de caça, na devida época.

Fazer um desvio para Mértola era desejável mas impossível em tempo útil, por isso  a ideia é continuar a subir ate à capital dè distrito,BEJA.  O VOVÓ JOAQUINA que começou por ser o restaurante de Jorge Benvinda da banda Virgem Suta e que há cerca de  ano e meio o espaço foi comprado por um médico holandês que vivem em Beja desde 2003 e  cuja intenção foi desenvolver um projecto de gastronomia alentejana, porque gosta muito da comida desta região. O chefe brasileiro Dantas tem andado a estudar a fundo a cozinha local,sobretudo as ervas aromáticas.
Para exemplificar apresenta um prato que,refere, até terá nascido no Algarve-a carne de porco à alentejana.
À saída de Beja, desviamos a este em direcção à fronteira. Antes de chegar a Serpa ,terra do queijo Dop e do MOLHÓ BICO- uma antiga adega transformada  em restaurante, onde não faltam as migas com carne de porco preto frita, os ensopados ou as sobremesas regionais. Uns quarteirões abaixo damos de cara com a célebre CERVEJARIA  LEBRINHA, onde se gabam de servir una cerveja inortal a acompanhar petiscos ou pratos regionais.
Irresistível é , também, a paisagem à chegada a Mourão, graças aos enormes lagos criados pelo Alqueva
A ADEGA VELHA-antiga taberna e deposito de carvão é um clássico incontornável do Alentejo, onde as filas para provar os ex-libris da casa -sopa de cação, da panela e do cozido de grão- são uma constante.
Em Reguengos de Monsaraz, a menos de meia hora, fica o quartel-general de um dos maiores produtores de vinhos nacionais, a HERDADE DO ESPORÃO.A vertente de enoturismo da Herdade foi foi alvo de melhorias e novidades pelo que vale a pena a visita. Para almoçar pode ficar no restaurante local.
Caso opte por comer fora da herdade, este é o nome a fixar: MONTE DA AÇORDA. Fica na aldeia de Campinho, a um quarto de hora de Reguengos. Apesar da designação não é a açorda que atrai a maioria dos clientes. São as sopas. A sopa de cação dizem que é a melhor do Alentejo. E o frango assado, já medisseram que é o melhor da Europa.
Évora- Se há coisa que não falta em Évora são restaurantes dignos de constar num guia.
Uma das mais recentes sensações da cidade, é o ORIGENS, que tem transportado alguns elementos da cozinha alentejana para pratos com identidade própria e apresentação cuidada. É o caso dos à brás de farinheira ou de espargos,que substituem, aqui,os tipicos ovos mexidos da região.Ou da sopa de tomate, que é fria, com laivos de gaspacho.
Mais conhecido será por ventura o LUAR DE JANEIRO, graças aos cozinhados da Dona 
Olivia.Na cozinha não é fácil resistir às entradas, previamente colocadas sobre a mesa., especialmente o coelho à São Cristóvão. Nos pratos principais brilham,entre outros, sas migas com carne de alguidar e o ensopado de borrego.
Em boa verdade será possível encher o resto da peça com restaurantes eborenses: da TABERNA TIPICA QUARTA FEIRA do mítico José Dias-e aquele cachaço de porco preto que se derrete na boca- ao DEGUSTAR do chefe Antonio Nobre, sem nunca esquecer o BOTEQUIM DA MOURARIA.
O destino final é Montemor-o-Novo onde brilha a estrela Michelim do restaurante L`AND do hotel L`And Vineyards.
Referência final a outros dois espaços interessantes: PÁTIO DOS PETISCOS com uma vasta lista de petiscos e boas opções e A RIBEIRA destaca-se tanto pelos pratos tipicos a preços generosos, bem como pela emente diáriamente anunciada em forma de cantoria rap gastronómico pelo carismático proprietário,Carlos Carriço.

DE MORA A PORTALEGRE

O périplo começa em Mora, 40 quilómetros a norte de Montemor o Novo, onde é tão famoso o fluviário local, como o restaurante O AFONSO-da perdiz  às migas de espargos bravos, do cabrito à Morense ao arroz de pombo.
Muita boa cozinha é também a da TASCA MONTINHO, em Alcorrego, perto de Avis. Maria José tem mão certeira em tudo quanto é classico alentejano.
E é de mão certeira em mão certeira que nos deparamos com as de Natasha, a moldava responsável por um fenómeno chamado O EMIGRANTE Natasha foi tão boa aluna da comida alentejana que há 6 anos decidiu abrir o restaurante, em Évora Monte, A sua sopa de cação é das melhores que se podem provar na região.
O CHANA em Serra d`ossa, cujo anfitrião Bernardino, conhecido por recitar a ementa às mesas.Na cozinha já se prepara a mítica sopa de tomate, que aqui inclui entrecosto,carne frita,chouriço,farinheira e um pedaço de lombo de bacalhau,alem do pão e ovo. Não há adjectivos que lhe façam justiça.
Em Estremoz na MERCEARIA GADANHA onde a jornalista brasileira faz cozinha refinada com elementos tradicionais-os croquetes de borrego e o mil folhas de bacalhau são dois pratos obrigatórios.
Nos arredores de Borba, em Alcaraviça, dois templos do coelho no barro, especialidade local,O ESPALHA BRASAS e a TASCA DOS COELHOS.
Em Vila Fernando, é obrigatório a belissima TABERNA DO ADRO, tipica casa alentejana por dentro e por fora , onde é especialidade a galinha tostada.
Nos arredores de Elvas- em São Vicente o POMPILIO-onde o bacalhau dourado, uma especialidade de Elvas,ovos revoltos com espargos selvagens, arroz de lebre ou um pudim de requeijão, são os pontos altos do Pompilio.
Subimos até Monforte onde ,depois de uma bifana e dois dedos de conversa com José Bexiga, o propietário da afamada CASA DAS BIFANAS local, temos encontro marcado com Filipe Ramalho, chefe do BASIL II, o restaurante do hotel vínico Torre de Palma. Muitos vêm aqui e depois vão ao seu restaurante TINTOS E PETISCOS em Vaiamonte.
Antes de chegar a Portalegre, passagem pela aldeia vizinha da URRA para cumprimentar Alvaro Feio, que dá o nome e a cara pel`O ALVARO - a grande especialidade é o lacão-pernil assado no forno.Importantissimo marcar mesa, porque os lugares não abudam.
Na capital de distrito, há um filho da terra que ha muito tem vindo a marcar a diferença: José Julio Vintem( que também é responsável pela cozinha do Hotel São Lourenço do Barrocal, perto de Reguengos de Monsaraz. O seu Tomba Lobos que em década e meia passou por várias localidades.É possível provar a sua cozinha numa taberna contemporânea e descomprometida na BOCA DO LOBO.A carta de petiscos une simplicidade  e sabor, das perninhas à barriga de porco frita.
No conterrâneo SOLAR DO FORCADO a estrela é outra: o touro bravo,comprado em Espanha,onde,segundo o proprietário Luis Morato, não sofre o stress do matadouro é deois usado na cozinha em diversos contestos
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