As mondas com toda a certeza era um dos trabalhos campesinos que eram feitos com mais alegria. Das aldeias, todas as manhãs(por vezes depois de se ouvir o toque do búzio,chamando à concentração) partiam grupos enormes de raparigas, saia rodada de xadrês miudinho,blusas de cores garradias,chapéu preto,redondo, de abas reviradas e enfeitado com vermelhas papoilas.
Faces rosadas e alegres, lábios sorrindo como que a desafiar as ervas que iam arrancar, ao chegarem à seara «faziam os calções», isto é, atavam as saias junto ao joelho e, de sacho em punho e olhos de lince, um pé aqui,outro acolá, iam arrancando o «sizeirão», o «palanco», a«margaça», os «saramagos» etc.A labuta não as cansava.
Saiam de casa cedo, a rir como se fossem para uma festa; levavam o dia a cantar ao desafio e, ao «soltarem», voltavam para casa ainda a rir e a cantar.
Durante o trabalho falavam de tudo, de modas,de casamentos,do enxoval próprio ou do das filhas e conhecidas, do último «escandalo» da terra.
Muitas da quadras cantadas por essas raparigas, hoje mães de filhos e avós de netos,continuam ainda de boca em boca, muitas vezes pela voz dos Ranchos Folclóricos, como expressão saudosista dos tempos de outrora.
Os tempos mudaram, surgiu a monda quimica e com ela desapareceu das searas essa nota de atraente policromia- a Mondadeira.
(do livro Motivos Alentejanos de João Ribeirinho Leal)
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